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- Joaquim Namorado
- Alter do Chão, 1914 – Coimbra, 1986
O poeta Joaquim Namorado nasceu em Alter do Chão a 30 de junho de 1914.
Licenciado em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra, dedicou-se por várias décadas ao ensino, tendo sido professor do ensino particular e explicador, quando os colégios onde ensinava foram obrigados a rescindir contrato, por ser opositor ao regime. Ingressará no ensino público – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra –, como professor, apenas após o 25 de Abril de 1974, onde permanecerá até à sua aposentação.
Inicia a militância política organizada no Partido Comunista Português em 1935, envolvendo-se em todas as manifestações contra o regime, entre a legalidade e a clandestinidade. A sua atividade passa a ser vigiada, é perseguido e preso nos cárceres do fascismo em 1938, 1939 e 1962.
Figura pioneira do neorrealismo português, é de destacar a sua colaboração na revista Manifesto, onde teve a sua estreia poética, nos Cadernos da Juventude, onde marca presença poética sob o pseudónimo Álvaro Bandeira, nas revistas Altitude, Seara Nova e Vértice, de que é um dos reformadores em 1945, pertencendo à sua redação até 1981. Também nos jornais Sol Nascente e O Diabo, onde publica o artigo “Do neo-realismo: Armando Fontes” (1938), por muitos considerado a origem da designação dessa nova corrente literária.
Participou também na coleção de poesia Novo Cancioneiro, onde publicou Aviso à Navegação, sua primeira obra poética (1941). Deixou-nos ainda os livros de poesia Incomodidade (1945), A Poesia Necessária (1966) e Zoo (1984).
Embora nunca tenha exposto, Joaquim Namorado também fez incursões no universo das artes plásticas, sobretudo no desenho e na pintura.
Faleceu em Coimbra, a 29 de dezembro de 1986.
O espólio literário de Joaquim Namorado, foi um dos primeiros doados ao Museu do Neo-Realismo por herdeiros do escritor. A primeira entrega, pela viúva do escritor, Guilhermina Namorado, ocorreu em 1993, e formalizada a doação em 1994. Em 2014 e 2015 foram doadas as segundas e terceiras incorporações, cedidas pelas filhas e herdeiras do escritor: Maria Tereza Namorado Moreno e Maria Irene Carrajola Namorado. A Biblioteca Particular Joaquim Namorado faz parte da segunda entrega, recolhida da Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, onde esteve em depósito. Foi formalmente doado em 2015 pelas herdeiras.
A partir do estudo desse espólio, em 2014, no âmbito do centenário do seu nascimento, O Museu do Neo-Realismo dedicou-lhe a exposição Tudo existe o que se inventa é a descrição Joaquim Namorado 100 anos, que teve curadoria de António Pedro Pita e esteve patente entre dezembro de 2014 e setembro de 2015.
Fonte
Catálogo da Exposição Tudo existe o que se inventa é a descrição Joaquim Namorado 100 anos, Museu do Neo-Realismo, 2014.
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'O que deve o poeta ao seu partido?', por Joaquim Namorado, cerca de 1974
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Joaquim Namorado e Orlando Carvalho no 1º de Maio de 1974, por FOCUS fotógrafo, [s.l.], 1974
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'Incomodidade', por Joaquim Namorado. Coimbra: Atlântida, 1945
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Passaporte ordinário n.º 310 de Joaquim Namorado, República Portuguesa, Governo Civil de Coimbra, 1946
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'Vida e obra de Federico Garcia Lorca', por Joaquim Namorado. Coimbra: Coimbra Editora, 1943.
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Joaquim Namorado e Guilhermina Namorado no dia do seu casamento, Coimbra, 1942
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'Aviso à navegação: poemas, por Joaquim Namorado'. Coimbra: Tip. Atlântida, 1941, Novo Cancioneiro; 4
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'Aviso à navegação', por Joaquim Vitorino Namorado, 1937
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'Lenda' e 'Calmaria', por Joaquim Namorado. In Manifesto: Revista de Arte e Crítica, n.º 3, jul. 1936
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Joaquim Namorado (ao centro da figura do meio) num grupo de antifascistas, Coimbra, cerca de 1935
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Joaquim Namorado aos 8 anos de idade, Alter do Chão, 1922
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Certidão de nascimento de Joaquim Vitorino Namorado, Alter do Chão, 1914