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Museu do Neo-Realismo
- Falecia Nikias Skapinakis

em 2020
De ascendência grega, o pintor Nikias Skapinakis nasceu em Lisboa em 1931. Frequentou o curso de arquitetura, que abandonou para se dedicar à pintura, atividade que manteve até à sua morte, a 26 de agosto de 2020.
Expôs pela primeira vez em 1948 nas Exposições Gerais de Artes Plásticas, onde colabora até 1955. Realizou nas décadas seguintes inúmeras exposições individuais e coletivas.
Oposicionista ao Estado Novo, fez parte do MUD Juvenil e chegou a ser preso em 1962 no Aljube, tendo sido incluído no memorial às vítimas da ditadura, instalado em 2019 na Estação de Metro da Baixa-Chiado.
Além da pintura, dedicou-se também à litografia, serigrafia e ilustração de livros, tendo ilustrado entre outras obras Quando os Lobos Uivam, de Aquilino Ribeiro (1958), e Andamento Holandês, de Vitorino Nemésio (1983).
É autor de um dos painéis do café A Brasileira do Chiado (1971) e participou na execução do painel comemorativo do dia 10 de Junho de 1974.
Recebeu inúmeros prémios, entre os quais o prémio Aica/Sec da Associação Internacional de Críticos de Arte e a Secretaria de Estado da Cultura, em 1990, o Grande Prémio Amadeo de Souza Cardoso da Câmara Municipal de Amarante em 2005 e o primeiro prémio do Casino da Póvoa de Varzim em 2006. Nesse ano, no dia de Portugal, foi-lhe atribuída a Ordem de Santiago de Espada (Grande Oficial).
Em 2012 o Museu Colecção Berardo apresentou a exposição antológica Presente e Passado, 2012-1950, comissariada por Raquel Henriques da Silva.
“Partindo de uma figuração lírica, que assimilou dados da modernidade figurativa do início do século, muito cedo a sua pintura revelou uma capacidade interpretativa do quotidiano lisboeta. As cores saturadas do final da década de 1950 antecipam uma viragem que conjuga uma mais plena assimilação da bidimensionalidade modernista com a linguagem popular dos cartazes e posters que invadem a vida de um novo mundo. A colagem e, sobretudo, o recorte vão despoletar vastas possibilidades neste domínio. Uma vez mais a sua capacidade interpretativa se manifesta e é então o contexto cultural português, com a melancolia que o atravessa, o objeto da sua pintura. A revisitação dos géneros tradicionais, como a natureza-morta ou a pintura de história, opera uma profunda reconfiguração destes, como também as peculiares abstrações que realiza se definem ambíguas e inesperadamente tomadas de um sentido do real. A recetividade à diversidade e inventividade das linguagens gráficas ou populares continuará a assolar a sua pintura e novos cartazes, tags, entre muitas outras referências, continuarão a estruturar as suas séries em anos mais recentes.”
In Catálogo da exposição Nikias Skapinakis. Presente e Passado. 2012-1950. Exposição temporária Museu Berardo.
Fontes
Catálogo da Exposição Nikias Skapinakis. Presente e Passado. 2012-1950. Exposição temporária Museu Berardo.
https://www.cnc.pt/nikias-skapinakis-1931-2020/
Catálogo da Exposição Um tempo e um lugar, dos anos quarenta aos anos sessenta, dez exposições de artes plásticas, Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, 2005.