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- Nota de pesar pelo falecimento

António Borges Coelho
Murça, 07 de outubro de 1928 – Lisboa, 17 de outubro de 2025
O Museu do Neo-Realismo lamenta o falecimento do historiador António Borges Coelho.
António Borges Coelho nasceu em Murça a 7 de outubro de 1928.
Opositor ao regime salazarista, fez parte do MUD Juvenil, foi funcionário do Partido Comunista Português e enfrentou as dificuldades de uma vida de oposição ao Estado Novo, que lhe custou vários anos de prisão na Fortaleza de Peniche e na Cadeia do Aljube.
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1967, doutorando-se em 1984 na mesma instituição, onde foi Professor Catedrático de História.
Dedicou a sua vida à escrita e à investigação historiográfica, constituindo uma referência da visão humanista do fazer da história e das ciências sociais, sendo apelidado pelos seu pares de “historiador dos sem história”, numa referência ao cariz social e político da sua intervenção científica.
Os seus trabalhos de investigação relativamente à presença árabe no nosso território ajudaram a desmistificar algumas das visões do patriotismo conservador, com destaque para Portugal na Espanha Árabe (1972-1975). Entre as inúmeras obras que escreveu estão Raízes da Expansão Portuguesa (1964), A Revolução de 1383 (1965), O 25 de Abril e o Problema da Independência Portuguesa (1975), Questionar a História - Ensaios sobre História de Portugal (1983), Quadros para Uma Viagem a Portugal no Século XVI (1986), Inquisição de Évora, 2 vols. (1987), Tudo é Mercadoria. Sobre o percurso e a obra de João de Barros (1992), Clérigos, Mercadores, Judeus e fidalgos (1994), O Tempo e os Homens - Questionar a História III (1996), Cristãos-Novos Judeus e os Novos Argonautas (1998), Política, Dinheiro e Fé - Questionar a História V (2001), O Vice-Rei Dom João de Castro (2003).
A sua vasta bibliografia inclui também a poesia, o teatro e a ficção, designadamente Roseira Verde (poesia, 1962), Ponte Submersa (poesia, 1969), No Mar Oceano (monografia, 1981) ou O Príncipe Perfeito (teatro, 1991).
Fez também um percurso no jornalismo, tendo sido um dos fundadores de A Capital, escreveu para o jornal “Avante!”, participou com as revistas Seara Nova e Vértice, no Diário de Lisboa e no Diário Popular e assumiu desde o início a direção da edição portuguesa do Le Monde Diplomatique.
Jubilou-se em 1988, dando a sua última lição a 11 de dezembro desse ano.
Em 2010 o Museu do Neo-Realismo dedicou a António Borges Coelho uma exposição biobibliográfica de teor retrospetivo - António Borges Coelho, Procurar a luz para ver as sombras -, comissariada por João Madeira.
Aos seus familiares e amigos, o Museu do Neo-Realismo expressa as suas mais profundas condolências.