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- O Museu do Neo-Realismo expressa o seu pesar pelo falecimento de Maria Teresa Horta

(n. Lisboa, 20 de maio de 1937; f. Lisboa, 04 de fevereiro de 2025)
Foto: Notícias Universidade do Porto
Ficcionista, dramaturga, poeta e jornalista, Maria Teresa Horta frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa, foi militante ativa nos movimentos de emancipação da mulher, pertenceu à redação do jornal A Capital, dirigiu a revista Mulheres e dedicou-se ao cineclubismo, tendo sido a primeira mulher dirigente em Portugal neste movimento, no ABC Cine-Clube.
Escritora com obras publicadas nos campos da poesia, da prosa e do teatro, a sua vida ficou intimamente ligada à resistência antifascista, com a publicação de Novas Cartas Portuguesas, em 1972, com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, sob a direção de Natália Correia. A obra aborda temas proibidos, então, pelo “Estado Novo”, como a guerra colonial, o aborto, o adultério, a violação ou os papéis sociais da mulher na sociedade. Partindo da história de Soror Mariana, o livro rompe com a moral e costumes vigentes e é considerado de “conteúdo insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública” pelo regime, que o proíbe três dias após o seu lançamento.
A autoras foram, então, acusadas, interrogadas pela PIDE e levadas a julgamento, o que causou indignação internacional na comunidade intelectual e em grupos e figuras ligadas ao feminismo e originou manifestações de apoio às autoras. O processo só terminou após o 25 de abril, a 7 de maio de 1974, sendo as “Três Marias” absolvidas.
As Novas Cartas Portuguesas tornaram-se num marco da história da luta das mulheres em Portugal, com uma repercussão inédita lá fora, sendo um dos livros portugueses mais traduzidos no estrangeiro.
O seu nome como autora ficou celebrizado dentro de um registo de exaltação do corpo, de libertação da Mulher e de denúncia das hipocrisias e repressões do mundo social.
Aos seus familiares e amigos, o Museu do Neo-Realismo apresenta as suas condolências.