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- Soeiro Pereira Gomes
- Gestaçô, 1909 – Lisboa, 1949
Soeiro Pereira Gomes, pioneiro e vulto maior do movimento neorrealista, nasceu em Gestaçô a 14 de abril de 1909.
Depois de uma breve passagem por Angola, mudou-se para Alhandra, no Concelho de Vila Franca de Xira, onde trabalhou nos escritórios da fábrica de cimentos local. O seu empenho cívico nas coletividades operárias desta vila prolongar-se-á num envolvimento cultural ligado ao teatro e às letras, refletindo preocupações sociais de oposição ao regime do Estado Novo.
Depois da publicação de algumas crónicas e contos iniciais, Soeiro Pereira Gomes escreve um romance ímpar: Esteiros (1941), narrativa realista sobre o trabalho dos “meninos” nos telhais na margem do Tejo, ilustrada por Álvaro Cunhal, e dedicada aos “filhos dos homens que nunca foram meninos”. O lirismo e a metaforização desenvolvidos nesta obra remetem-nos para uma estreita ligação entre um conteúdo de forte apelo social e político e uma criatividade que não abdica do seu intrínseco valor literário.
Como membro do Partido Comunista Português, o escritor vai assumindo maiores responsabilidades no Ribatejo, sendo impelido, depois das greves de 1944, a entrar para a clandestinidade. Torna-se membro da Comissão Executiva do Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista (MUNAF) sendo eleito, em 1946 para o Comité Central do PCP. Colaborou, entre outros, nos jornais O Diabo, o Alhandra ou o República.
Entre a grave doença e a escassez de cuidados médicos adequados, Soeiro Pereira Gomes prossegue com a escrita dos romances Engrenagem e Contos Vermelhos, postumamente publicados em livro.
Faleceu a 5 de dezembro de 1949, em Lisboa, com apenas 40 anos de idade, sem ter abandonado a clandestinidade.
O espólio literário de Soeiro Pereira Gomes foi doado pelos irmãos do escritor ao Museu do Neo-Realismo em 1992. Constitui um arquivo com alguma arrumação prévia reconstituído “a posteriori” pelos herdeiros, ao qual se juntaram alguns documentos de diversa proveniência, nomeadamente o original manuscrito do romance "Engrenagem", disponibilizado pelo Partido Comunista Português a partir dos seus arquivos. Inclui ainda documentos posteriores à morte do escritor, que se mantêm na forma de recolha do acervo no seu conjunto.
Aquando da exposição comemorativa do centenário do nascimento do autor, que teve lugar no Museu do Neo-Realismo em 2009-2010 (Soeiro Pereira Gomes: na esteira da liberdade), com curadoria de Luísa Duarte Santos, entraram mais três lotes de documentação de outros doadores (António Mota Redol, Giovanni Ricciardi e os sobrinhos Alexandre e José Pedro Carvalho), que foram incorporados no Espólio. Salienta-se, ainda, que foi tomada a decisão de constituir um Legado com a documentação de Giovanni Ricciardi.
Fonte
Catálogo da Exposição Soeiro Pereira Gomes – Na Esteira da Liberdade, Museu do Neo-Realismo, 2009.
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'Esteiros', Lisboa: Caminho, 1993 (Caminho jovens; 26)
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'Praça de jorna', por Soeiro Pereira Gomes; il. Álvaro Cunhal. Lisboa: Org. dos Técnicos Agrícolas da DREL do PCP, 1976
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'Contos Vermelhos', por Soeiro Pereira Gomes. Lisboa: M.J.T., 1974
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'Engrenagem', por Soeiro Pereira Gomes, 1ª ed. Porto: Edições SEM, 1951
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'Esteiros de Soeiro Pereira Gomes (extrait)', por Violante do Canto. In Lettres Françaises, ano 10, n.º 327 (7 set. 1950)
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'Esteiros: romance', por Soeiro Pereira Gomes; il. Álvaro Cunhal, 3ª ed. Lisboa: Gleba, 1946
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'Esteiros: romance', por Soeiro Pereira Gomes; il. Álvaro Cunhal, 1ª ed, Lisboa: Sirius, 1941
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'Esteiros', por Joaquim Pereira Gomes, Alhandra, mai-ago. 1941
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Esteiros...: Para os filhos dos homens que nunca foram meninos, escrevi este livro, out. 1940-mai, 1941
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'Coisas quási inacreditáveis', por Soeiro Pereira Gomes, Alhandra, 1940
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Soeiro Pereira Gomes junto ao mastro do barco 'Liberdade' num dos passeios do Tejo, anos 40
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'Crónica', por Pereira Gomes. In 'O Diabo', nº 267, 4 nov. 1939
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“Exmo. Senhor Pereira Gomes…”, por Rodrigues Lapa. Lisboa: 'O Diabo', 19 mai. 1936
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Folheto da peça 'Carnaval', 18-19 mai. 1935
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Soeiro na construção da piscina do Alhandra Sporting Club, 1935
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Assinatura de Soeiro Pereira Gomes
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Diploma do Curso de Agricultor, 19 set. 1929
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Certidão de nascimento, 4 out. 1927
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'Soeiro Pereira Gomes com 7 anos, de fato e chapéu e com cadernos debaixo do braço', cerca de 1916